24 de fevereiro de 2011

Trecho do livro: Ou o poema contínuo - Herberto Helder






O Poema

VII

A manhã começa a bater no meu poema.
As manhãs, os martelos, as grandes flores
líricas.
Muita coisa começa a bater contra os muros do meu poema.
Escuto um pouco a medo o ruído das gárgulas,
o rodopio das rosáceas do meu
poema batido pela revelação das coisas.
Os finos ramos da cabeça cantam mexidos
pelo sangue.
Talvez eu enlouqueça à beira desta treva
rapidamente transfigurada.







Nenhum comentário:

Postar um comentário